Leitura

Estava passeando na net e encontrei um site interessante: http://www.gordasemrecuperacao.com.br/- Fiz o download gratuito do livro e vou ler cada pedacinho colocando aqui no blog.

LIVRO:
MAGRA?NÃO.GORDA EM RECUPERAÇÃO-Autora Mirella Ciarlini

APRESENTAÇÃO

Esse não é um livro apenas para quem quer emagrecer.Emagrecer todo gordo emagrece. É um livro para quem busca o caminho do controle de peso. Se temos um, dois,dez, vinte, trinta, quarenta ou cinqüenta quilos a perder, não importa. Podemos nos tornar um gordo em recuperação. Alguém que cansou de engordar e emagrecer a vida inteira e que agora topa o desafio de aceitar isso de frente com
consciência, disciplina e muita determinação. O objetivo vai ser alcançado se conseguirmos olhar para dentro de nós mesmos e seguirmos em frente. Se alguém espera mais um milagre. Ah!!! Nós gordos sempre esperamos por um milagre. Lamento informar que o único caminho que encontrei para ficar no corpo que sempre sonhei é de muito trabalho, humildade para reconhecer as próprias limitações e é claro, a consciência de que não importa o quanto eu pesar, serei gorda pelo resto da vida. Uma gorda sem auto preconceito. Gorda em recuperação.O preconceito de magros e gordos é tanto a respeito do tema que os riscos de cair em deslize novamente estão por todos os lados. Todos olham para uma pessoa no peso ideal e não conseguem ver o gordo que há por trás daquela
imagem "magrinha". Em Magra? Não, Gorda em Recuperação. Você vai aprender que é preciso ter cuidado com o que vemos e voltar as atenções apenas para o que somos. Se temos facilidade para engordar, vamos aprender que não importa quantos quilos percamos, essa realidade não vai mudar. Para uns menos, para outros mais. Não adianta nos focarmos no metabolismo dos outros, o único que importa, o único que existe no mundo é o nosso. É nele que devemos manter o foco.É em cada um que está a chave do Gordo em Recuperação. Vamos tentar parar de ter inveja de quem se acabe de comer sem engordar e passar a ser espelho para milhares de pessoas que vivem nossas dificuldades e assim como nós até agora não conseguiram entender o que acontece. Depois de sofrer, errar, fracassar a vida inteira na tentativa de ser magra agora sei o caminho e é isso que quero dividir com cada leitor nas próximas páginas. Inspirada em um dos gordos mais famosos do Brasil:
Beijo da gorda.

LEITURA-24.05.2011
PEÇO LICENÇA PARA PUBLICAR NESTE LIVRO O EMAIL RECEBIDO DA MINHA PRIMA
LARA, QUE É MÉDICA ENDOCRINOLOGISTA E COM QUEM COMPARTILHEI
MESMO DE LONGE AS DÚVIDAS, INCERTEZAS, PEDI ORIENTAÇÕES, RECEBI MUITOS
ESCLARECIMENTOS E MENSAGENS DE INCENTIVO. NA VERDADE ELA FOI A
MOTIVAÇÃO QUE ME MOSTROU FEZ DERRUBAR O TABU DE QUE EU NÃO PODERIA
VOLTAR AO PESO DE QUANDO ERA BEM MAIS JOVEM. SEGUE O EMAIL:
As conquistas em nossas vidas chegam quando vamos fundo em nós mesmos. Apesar da extensa discussão que existe em torno da obesidade e de reconhecer o importante papel de estratégias terapêuticas específicas,
creio que o principal é decidir e ser capaz de assumir escolhas. Ao não optar, fica a ilusão de que os problemas se resolverão por eles próprios, mas como em tudo na vida, as mudanças só ocorrem quando lutamos por elas. Ver o exemplo de superação de uma pessoa tão próxima faz com que eu me encha de orgulho e de fé na humanidade, pois acredito que somos capazes de fazer o melhor de nós mesmos e sei que você foi muito além do que imaginou no princípio. Torço para que essa força descoberta não se enfraqueça e seja útil nos demais segmentos da usa vida. Torço para que sua história possa ajudar outras pessoas em suas trajetórias. Enfim, torço
para que você seja feliz e sei que felicidade compartilhada é felicidade multiplicada.
Lara Benigno Porto

CAPITULO 1
COMPREENDENDO
O MEU UNIVERSO DE GORDA
Sempre fui como toda pessoa gorda. Nunca quis ouvir uma palavra sobre ter engordado, me irritava
com qualquer comentário sobre a quantidade que eu estava comendo e nunca, em quase 20 anos de dietas, consegui emagrecer sem voltar a engordar. Fiz todas as dietas mirabolantes que conheci, tomei remédios, fiquei magra, magérrima, adoeci e sempre depois de cada dieta, não tinha jeito, os quilos voltavam em dobro.
Desanimada com a cobrança de todos, marido, família,amigos, desestabilizada com a maior de todas as cobranças, a minha, perdi totalmente o controle e decidi engordar. Queria ficar tão gorda que todos desistissem e me deixassem em paz. Não conseguia achar os erros das minhas dietas, não tinha forças para solucionar a questão.E engordei. Engordei muito. Cheguei aos 94 quilos com um metro e sessenta de altura. Funcionou, fiquei obesa. Desistiram de mim. Ninguém tinha esperanças de que eu voltasse a emagrecer. Minha estratégia funcionou. Deixaram-me ser uma gorda em paz. Minha mente realmente estava cansada. Por que eu tinha que ser magra? Afinal, por que Deus não me fez igual aos magros que se entopem de comida sem engordar um grama? E se eu for gorda, vou deixar de ser gente? Vão deixar de me amar? E que amor é esse que depende da minha aparência? Era uma fase em que, já que eu não conseguia encontrar tranquilidade para emagrecer, fiz o que me parecia mais fácil: resolvi buscar a tranquilidade para me assumir como gorda. Se alguém se atrevia a tocar no assunto eu encerrava logo: "Agora vou ser gorda. Não estou de dieta, não vou emagrecer." Era necessário parar para entender o que acontecia comigo. Afinal, onde estava o erro? Só quero ser magra por vaidade? Que motivos levaram minhas inúmeras dietas ao sucesso e porque, no final, todas elas fracassaram? Sem conseguir olhar com muita felicidade para o que eu era por fora, passei a olhar para dentro de mim. Descobri coisas terríveis. Alguns dos meus defeitos mais enraizados. Entretanto foi conseguindo me conhecer de verdade que encontrei todas as respostas. Descobri uma pessoa orgulhosa, equivocada e cheia de falhas e limitações que nunca soube que existiam. Já parou para tentar descobrir quem você é? Não falo das coisas boas. É nas nossas falhas, nas coisas ruins da nossa natureza que está a chave de todo o nosso crescimento pessoal. Mas é preciso ter coragem para olhar com olhos para ver. Parar de justificar cada coisa ruim da nossa personalidade. Somos imperfeitos e, na busca do equilíbrio, temos que ter maturidade para assumir isso. No caso da busca pelo corpo ideal, pode até não haver nada demais em ter vaidade. Entretanto, percebi que eu só queria estar magra e bonita para despertar desejo, para arrancar elogios. É claro que na busca para emagrecer sempre há um componente sexual. Não é à toa que as loucuras para perder peso começam na adolescência, juntamente com o despertar das primeiras paixões. Entretanto, hoje sei que, muito melhor do que estar com o corpo em dia, é estar com o corpo, o coração e a mente em paz. Lembrar que vem da nossa alma a fonte de vida para conseguirmos realizar tudo em nossas vidas. Inclusive emagrecer. Hoje me sinto uma nova mulher. Sinto que meu marido e minha família acham isso também. Não falo somente por fora, por dentro principalmente. Isso porque finalmente consegui perceber que, se Deus havia me dado essa dificuldade, esse desafio, tinha que haver um motivo. E como Deus é infinitamente justo e bom, é claro que ele não queria que eu fosse gorda. Queria que eu parasse de pedir um milagre e fizesse a minha parte. Foi o que decidi fazer. Observar, entender, encontrar as respostas de todas as dietas fracassadas e, é claro, achar um caminho. E achei. Emagreci trinta quilos em dez meses, depois perdi mais cinco quilos. Troquei o manequim 50 pelo 38 e sempre que uma pessoa nova me encontra na rua fica admirada: "Nossa como você está magra!" Interrompo imediatamente: "Magra? Não. Gorda em recuperação." Foram essas centenas de pessoas que me fizeram reunir tudo que observei, descobri e implantei no meu novo estilo de vida em um livro. Não se trata de nenhuma fórmula simples. Pelo contrário. Foi preciso descobrir muitos dos defeitos que nós gordos temos e que nos fazem fraquejar para conseguir combater. Entender, aceitar e trabalhar a verdade. Sem mitos, sem desculpas e com muita força de vontade, consciência e determinação. Quando estava trinta e cinco quilos mais gorda não imaginava que seria possível. Na época em que comecei a emagrecer sequer conseguia imaginar que chegaria tão longe. A verdade é que todos podemos chegar onde quisermos. Podemos chegar onde trabalharmos para chegar. Não espere que seja fácil. Todas as fórmulas e dietas que supostamente eram fáceis para emagrecer eu testei e todas foram por água a baixo. É importante para você? Então vamos em frente. Vamos fazer acontecer.Não esqueça: "Magra? Não. Gorda em recuperação"propõe muito mais do que uma mudança de hábitos alimentares. Propõe uma reviravolta na mente. Equilíbrio,consciência, determinação e ânimo para conseguir ver todos os quilos que quisermos indo embora.

28/05/2011
CAPÍTULO2
NINGUÉM É GORDO
PORQUE QUER
Um dos maiores erros que se pode cometer é dizer que uma pessoa é gorda porque quer. É desestimulante ouvir piadas e críticas o dia inteiro por um problema que por si só já acaba com a auto-estima. Quem é gordo sabe do que estou falando e quem é magro nem percebe que já deve ter tirado o sossego de muito gordo por aí. Isso porque os magros até podem opinar, mostrar "como é fácil" perder peso, insistir que "basta querer". Definitivamente os magros não têm a menor noção do que estão falando.
Vivência torna tudo diferente. No caso da obesidade, só um gordo entende um gordo. E quem não vive o problema é
melhor não tentar ajudar com cobranças. As coisas vão piorar. O gordo desestabilizado por completo vai comer mais e o magro ainda vai sair dizendo, sem entender nada: "Eu só queria ajudar". Por isso, pelo amor de Deus, nunca perca tempo discutindo sobre dieta com um magro. É pior que discutir religião, futebol e política. Perdi a conta de quantas vezes passei por situações assim e muitas das vezes nem estava tão fora de forma. Cobranças exageradas não ajudam em nada. Muitas vezes esse inferno astral começa na convivência com a família, amigos. Pessoas que nos amam, que querem realmente conseguir uma solução para o problema, mas não dá. Imaginem ajudar alguém que está se sentindo péssimo, feio, excluído dizendo que é só ter força de vontade que ele sai dessa? O sentimento de impotência, de raiva, é extremo. Afinal, todo gordo já emagreceu, engordou, pode até ter desistido de emagrecer, mas, se tem uma coisa que ele sabe, é que conseguir emagrecer é muito mais complexo do que apenas querer. Julgar é fácil. Mas, para o gordo, ser julgado é um caminho tortuoso que aumenta a raiva e acaba com a paz de espírito. E não podemos esquecer que a "paz de espírito" é uma das peças fundamentais para quem quiser se habilitar a ser um gordo em recuperação.A primeira de muitas que funcionaram para mim e que podem fazer a diferença também na vida de muita gente que vive esse tipo de problema. Pessoas são diferentes, dietas também. Disso todo mundo sabe. Mas algumas falhas no cotidiano dos gordos são sempre iguais. É por isso que os resultados de engordar e emagrecer repetidas vezes vale para quase todo mundo. Quer ver? Os hábitos de quem tem tendência para engordar, os medos, as manias, são todos muito parecidos. Vamos começar prestando atenção no nosso medo da balança. Você sabe dizer por que nós, gordos, temos sempre tanto medo de nos pesar? Aliás, não é só medo não. É uma verdadeira aversão à coitada da balança. Vou lhe dizer o que acontece. É mais uma fuga para podermos engordar em paz, porque não existe uma verdade maior do que a que aparece piscando naquela maquininha sincera. Preferimos nos enganar para podermos continuar achando que podemos comer o que vier pela frente. Se não sabemos quantoengordamos, fingimos que não sabemos que os quilos estão chegando. Muito cuidado com isso, porque normalmente não temos uma balança em casa e só nos pesamos de vez em quando, ocasião em que temos a coragem de subir naquela velha balança da farmácia. E é claro que isso pode durar alguns dias, algumas semanas, meses... E no final nós é que vamos evitar ir até a tal farmácia que tem a balança para não termos que nos pesar. Isso sempre acontece quando a gente sabe que engordou e o pior é que a gente sempre sabe. Mais do que isso. O pior é que a gente sempre engorda. No fundo só existem duas ocasiões em que o gordo se pesa e está mais magro: quando acaba de fazer uma dieta, ou quando adoece. Isso se for uma doença muito braba. No meu caso, a única que me fez perder uns bons quilos foi uma catapora. Com a boca, garganta e língua cheias de feridas, não tem gordo que coma. Se for só uma doençazinha à toa, vamos ser sinceros, perdemos o ânimo, a paciência, a disposição... o apetite, nem pensar. Nos casos de doença, os quilos voltam mais rápidos ainda, muitas vezes nem dá tempo se pesar na velha balança da farmácia uma segunda vez. E nos casos de dieta, nossos eternos, costumeiros e permanentes
casos de dieta, nunca sabemos fazer da balança nossa aliada. Essa foi uma das primeiras coisas que descobri. Odiamos a coitada da balança. É mais ou menos assim. Normalmente estamos até indo bem na dieta, mas chega um dia em que perdemos o controle. Comemos para valer. E, quanto mais comemos, mais vontade de comer. Compulsão. Um grande desequilíbrio toma conta dos nossos atos. Aí vem o problema maior. No dia seguinte, quando deveríamos nos perdoar pela falha, reencontrar o equilíbrio e continuar comendo moderadamente, fazemos o contrário. Comemos mais e mais. Na nossa cabeça está sempre o pensamento equivocado: "Eu já comi ontem mesmo." Nesse momento começa a fuga da balança. Vou me pesar, se eu sei que exagerei? Continuamos o descontrole. Não reduzimos mais a comida porque sabemos que engordamos. Agora é que não nos pesamos mesmo, cadê coragem? A ficha só cai definitivamente quando alguma roupa não entra mais. Agora não tem jeito, precisamos da tal coragem, subimos na balança e vemos o que já sabíamos: é tarde demais. Engordamos uns 5 quilos e vamos ter que começar tudo de novo. Nessa hora, marcamos a dieta para segunda, adiamos para a outra segunda e, enquanto segunda não chega, largamos o pau a comer porque é a despedida. Demora, mas chega o dia. Pesamo-nos de novo porque achamos que essa segunda vai dar certo. Meu Deus! Os cinco quilos já não são mais os cinco. Desestímulo. Roupas sem cair bem no corpo. A imagem vira terrorismo no espelho. Voltar à velha forma agora vai levar mais tempo, exigir mais sacrifícios. A sensação de impotência vai colocando tudo a perder de novo. Ficamos estressados, deprimidos, paranoicos. E haja comer e engordar cada vez mais. Porque as pessoas normais quando estão estressadas, deprimidas, sentem se mal, perdem totalmente o apetite. Nós, gordos, não. Somos a única espécie de ser vivo que consegue reverter esses sentimentos terríveis em vontade de comer ainda mais. Sem nos pesar, é claro. Porque um gordo estressado não submete-se a isso. Quando percebi que essas atitudes eram parte comum e frequente da minha vida, vi que tinha que encarar minha amiga balança como uma companheira de todos os dias. Raciocinei que se eu tivesse uma balança no meu quarto acabaria o problema. Se aumentasse cem gramas de um dia para o outro, veria de imediato e já começaria a me controlar. Se tivesse perdido cem, iria vibrar com muita alegria. Decidi não tentar me enganar nunca mais. Isso é importante porque na verdade engordamos na hora em que comemos. Muitos médicos e nutricionistas não recomendam que seus pacientes se pesem diariamente com medo de que eles se desestimulem. Isso porque muitas vezes diminuímos mesmo a comida, fazemos tudo certo, mesmo assim a resposta na balança pode não aparecer imediatamente. Muitas vezes temos bons resultados em uma semana. Outras vezes perdemos muito pouco. E daí? Paciência, equilíbrio. Se a dieta está certa, os quilos não têm alternativa. Vão-se embora sim, senhor. Por isso afirmo que a balança é fundamental. Compre hoje mesmo a sua. Pese-se todos os dias sem roupa ao acordar e comece a anotar. Se não tiver conseguido ainda o equilíbrio para emagrecer, comece
pelo primordial: não se permita engordar ainda mais. Conseguir manter o peso é um ótimo exercício e um importante começo, porque nós, gordos, comemos todos os dias para engordar. Comemos muito mesmo, mas não perdemos uma oportunidade de dizer: "Ai, eu não sei porque engordo, eu não como tanto assim." Se não paramos nem para nos pesar, será que realmente prestamos atenção em quanto comemos? Eu nunca soube. Nunca quis saber. 

CAPÍTULO3
VAMOS EMAGRECER PRIMEIRO A NOSSA CABEÇA
Certa vez ouvi em uma palestra que o pensamento é a origem de todos os nossos problemas. O que dizer então de nós, gordos, que insistimos em passar o dia inteiro pensando em comida?Muitas pessoas se encontram comigo e perguntam: "Você fez redução de estômago?" Sorrio e respondo: "Redução no estômago, não. Fiz redução no juízo."
Todos acham graça, mas sabem que só é essa redução que funciona. Um senhor que conheci outro dia, e cuja esposa tinha feito a tal cirurgia, também sorriu concordando:"É verdade, não adianta nada se a reforma não for na cabeça." Nisso a cirurgia impõe um grande desafio, porque ela acontece antes do processo mental e o caminho se torna mais difícil. Muitos conseguem estabilizar o peso com a cirurgia, outros voltam a engordar porque no fundo não conseguiram mudar a sintonia dos seus pensamentos.Reduziram o estômago, emagreceram o corpo, mas terminaram esquecendo o mais importante. Tenho uma tia que fez a cirurgia, perdeu mais de 20 quilos. Mudou totalmente a aparência, não voltou a engordar, entretanto resumiu em uma frase a luta para mudar a forma de olhar e desejar a comida. Durante um almoço, olhou para um dos pratos que gostava muito e disse que ia comer mais um pouco: "Ainda tenho cabeça de gorda." Hoje, meses depois do tal almoço, ela ainda continua perdendo medidas e diz que, aos poucos, está conseguindo melhorar a sintonia da mente também. É a nossa cabeça de gordo que faz a gente colocar tudo a perder. Antes de me tornar uma gorda em recuperação, se eu ia para um rodízio de pizza, não me preocupava se estava passando o sabor de pizza que eu gostava. Queria mesmo saber se ainda conseguiria comer a pizza que estava passando. "Ai, meu Deus, daqui a pouco não vou conseguir comer mais nem uma fatiazinha." Quem danado consegue equilibrar a alimentação desse jeito? Não importava a hora, toda vez que eu via comida, tinha que comer. O resto do sanduíche do meu filho, sobras de comida esquecidas na mesa, os lanches que levávamos nas viagens, os salgados que o pessoal comprava para lanchar na agência... Se eu estava com fome? O que isso importava? Via a comida e tinha que comer. Na hora do almoço, era a primeira a sentar-me à mesa para almoçar. A última a sair. E se na mesa alguma comida estava aparentando que ia acabar, sabe o que eu fazia? Comia mais rápido ainda para não faltar para mim, é claro. Além de gorda, egoísta. Isso, é claro que eu não deixava ninguém perceber. Nós, gordos, somos pior do que mulher grávida. Passamos a vida desejando as coisas. Outro dia, uma amiga minha que também estava querendo iniciar uma dieta chegou pela manhã no trabalho e começou a declarar: "Estou desejando comer um churrasco, uma carne bem gostosa." Pouco tempo depois, já era uma lasanha. Isso foi por volta das 9 horas da manhã. Imagina o quanto uma pessoa que começa o dia desejando comer os mais diferentes pratos vai comer na hora do almoço, e no lanche, e no jantar e nos intervalos de tudo isso? Terminamos criando uma energia que nos induz a um impulso descontrolado para comer o que quer que seja. Essa questão da variedade também é um problema. Não conheço nenhum gordo que seja muito exigente com comida. Podemos até reclamar que está ruim, mas no final limpamos o prato. Eu, desde criança, abria a geladeira à noite e comia feijão gelado. Várias colheradas, bem rápido para ninguém ver, sem nem engolir até conseguir encher a boca por inteiro. E não era só com feijão essa compulsão. Podia ser a sobra do que fosse, e é obvio que tinha jantado. Também não deixava resto de comida em canto nenhum. Comia para não estragar. Pode? Não permitia que se estragasse a comida, mas estragar a mim mesma, tudo bem. Fala sério! Alguém já parou para pensar que o que comemos não vai parar no lixo, mas vai parar no esgoto? Ou seja, estraga de todo jeito. Só que engorda antes de estragar. Outro problema fora de controle que precisamos aprender a policiar é parar de pedir um pouco ou um pedaço de qualquer coisa que qualquer pessoa esteja comendo ao nosso lado. Só para experimentar. Na verdade é só para comprovar que literalmente não temos condições de ver comida. Se fosse para experimentar, necessariamente teríamos que nunca ter comido daquela comida. Como quase nunca é esse o caso, vamos falar sério. Experimentar que nada. Queremos é comer mesmo. A parte de pedir um pouco ou um pedaço é só porque sabemos que a pessoa não vai dar tudo mesmo. Mas, se der, a gente come e vibra de satisfação. É um vício que literalmente alimentamos sem querer perceber o tempo inteiro. Mas é possível, sim, mudar a sintonia. Devemos e podemos ter o controle de tudo que pensamos. Meu Deus, Somos nós quem pensamos! Se percebermos que estamos com pensamento de gordo na cabeça, vamos deletar! Isso mesmo. Apague na mesma hora. Pare. Pense em outra coisa, respire fundo, encontre um pouco de paz dentro de você. Controle-se e deixe a tentação ficar para trás. É como mudar a tevê de canal. Funciona de verdade e, com a prática, vai ficando cada vez mais fácil. Qualquer dia, mesmo depois de ter perdido tantos quilos, de orar pedindo forças a Deus e vigiar para melhorar cada pensamento, as tentações ainda aparecem. Lembro-me que entrei certa tarde numa padaria e vi um pedaço de rocambole. Atenção, hein? Sou louca por rocambole. E a palavra louca define bem o que acontece quando nos deparamos com algo que gostamos. Ficamos "loucos" para comer. Tava desejando. Cheguei ao balcão e peguei a bandeja ansiosa, com água na boca. Queria comer as duas fatias que estava vendo. Não queria uma apenas, queria as duas que estavam na bandeja. Foi quando olhei para baixo da vitrine e vi o rocambole inteiro. Agora queria mesmo era levar o bolo todo. Aí me toquei. Jesus, sou uma gorda em recuperação! Tenho que me controlar. Então tá. Levo só as duas fatias. Peguei a bandeja. Eu me toquei de que o desejo era descontrolado. Acho que até com taquicardia a gente fica nessas horas. Precisava me controlar de verdade. Voltei, deixei a bandeja sob o balcão e fui embora. Poder comer um pedaço de rocambole eu até podia, mas com aquele desespero, não. Aquilo não era postura de gordo em recuperação era o retrato de uma gorda descontrolada. Eu me senti vitoriosa. Nossa senhora! Consegui sair sem comer o rocambole! Da padaria fui direto para a agência. Era um dia de provações mesmo. Dentro da sala, um cheiro desgraçado de pastel, era preciso continuar sob controle. Colocar a comida em segundo lugar. Deixei o cheiro de lado e fui trabalhar. Direcionei meus pensamentos para coisas mais importantes. Se não tinha comido o meu rocambole, não ia comer um pastelzinho de jeito nenhum.E o vício de comida é bem difícil. Tem comida em todo lugar. Temos que nos alimentar e, no meu caso, as tentações não são poucas. Sou sócia de um restaurante. Janto lá quase todos os dias. Mas, no lugar de ficar pensando que adoro tal sanduíche, no lugar de me focar na pizza que está passando, sento e peço minha salada com um refrigerante zero. Meu marido comendo ao meu lado filé à parmegiana, meus filhos com batatas fritas, crepes e eu simplesmente não foco minhas energias naquilo ali. Não vale a pena. No início eu me permitia uma fatia da pizza menos calórica ou um crepe de palmito, por exemplo. Era o início da dieta, não podia ser radical. Aos poucos, fui me educando. É muito importante respeitar o nosso ritmo. Entenda bem, o deslize não é comer. No fundo, podemos, sim, comer de tudo, se for de forma moderada e controlada. Mas, se conseguirmos, não vejo nada demais em deixar aquelas guloseimas de lado, aos poucos. Se isso parecer paranóico para você, não se preocupe. Sua cabeça ainda é de gordo e, se tem mais uma coisa que percebi, é que nós, gordos, nos permitimos ser paranoicos com tudo, menos com deixar de comer. Somos o que pensamos. Deve ser por isso que a nossa afirmação preferida é "comer é bom demais". Existe no planeta alguém que consiga emagrecer, mudar os hábitos alimentares, ou qualquer outra coisa nesse sentido com um pensamento desses comandando todo o seu dia? Faça uma experiência, anote o que você pensa. Talvez você nunca tenha percebido, mas vai precisar enxergar sua mente de frente se quiser virar essa página.
Querido visitante,muito obrigada por visitar meu blog!
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